Uma praxe "à portuguesa”
Provavelmente, já terão notícias de praxes abusivas, por exemplo, quando em 2015, vários estudantes caloiros da Universidade do Algarve foram levados para a Ria Formosa para nadarem, e posteriormente levados para o areal onde foram obrigados a cavar buracos profundos. Contudo, é aqui que começa a lamentável notícia com contornos criminais, visto que enterraram todos os caloiros até à cabeça e deram-lhes a beber bebidas alcoólicas até não aguentarem mais. Isto é a típica praxe portuguesa, apesar de haver bons exemplos de praxes de integração dos caloiros noutras universidades.
Penso que já se esqueceram do sucedido na praia do Meco e nestas situações não pode haver tolerância por parte de todos os órgãos que zelam pela segurança, não só pelos alunos(as) enquanto cidadãos mas também enquanto caloiros. Não consigo entender onde é que aqui existe integração, motivação ou socialização... aqui apenas existiu humilhação dos estudantes caloiros e estupidez e dominância por parte dos veteranos da Universidade.
Será que os veteranos daquela Universidade não sabem o que quer dizer integração? É preciso humilhar as pessoas? Se o principal papel dos veteranos é ajudar e receber os caloiros, porque existe este carácter de dominância? São perguntas em que não consigo obter uma resposta racional porque simplesmente não existem respostas que possam encerrar este assunto.
Ano após ano, vemos caloiros a serem sexualmente assediados, a ficarem em coma alcoólico por implicação/obrigação dos mais velhos, a serem insultados e arrastados por cima de excrementos de animais, e o que vejo é a nossa sociedade de olhos fechados, sem impor o respeito e a integração que deveria haver e sem instaurarem processos de investigação complexa com penas criminais para os responsáveis. Pelos vistos, em Portugal o significado de “praxe” está a ser dominado pela minoria das situações exageradas e quase sempre sem grandes implicações jurídicas.
Eu fui caloiro escsiano e peço que encontrem as diferenças que existem entre a praxe feita na Universidade do Algarve e a praxe feita na Escola Superior de Comunicação Social, em que juntaram todos os cursos existentes para uma maior integração. Tudo isto para dizer que tenho orgulho na Escola Superior de Comunicação Social (falando por experiência própria e não devo ser o único com esta opinião).
Houve apenas integração em vários grupos/equipas em que socializávamos entre nós, e os próprios veteranos ensinavam-nos o verdadeiro significado de “integração”, “socialização”, “motivação” e mais importante que tudo “união” sem nunca sermos insultados, humilhados ou enxovalhados.